sábado, 29 de maio de 2010

Marina

Quando Marina juntava seus brinquedos e se acomodava naquele canto da sala, sobre o tapete, perto da lareira, era certo que pretendia ficar ali por um bom tempo. Às vezes fazia mais de uma viagem até seu quarto pra poder dar conta de trazer tudo que precisava. E não começava a brincar antes de preparar todo o cenário que era composto pela casinha, com os móveis e vários objetos, inclusive as panelinhas, sua boneca predileta, entre as outras bonecas, e também os bichinhos: um cachorro e um urso.

Acho que ela escolhia aquele local para se instalar porque era naquela mesma sala que ficava a cadeira de balanço da avó, que provavelmente estaria ali sentadinha, se embalando, tricotando e conversando com Marina esporadicamente, em frases curtas, lhe comentando alguns detalhes, ora sobre o tricô, ora sobre o brincar, um pouco sobre como estava o dia lá fora, e outro pouco sobre algum cuidado para não se aproximar demais do fogo.

Nesse clima, então, Marina começava a inventar suas brincadeiras. Histórias onde a Doroti (a boneca preferida) chegava da aula e a mãe lhe dizia para lavar as mãos antes de vir para a mesa almoçar. E que depois, à tarde, as colegas (as outras bonecas) chegavam para tomar um chá. Essa parte, do chá com as colegas e com a função de preparar o que iriam beber e comer, era o momento mais significativo do brinquedo. Tinha que pensar em tudo, não podia faltar nada. E as panelinhas e também uma louça entravam em cena. Mil gestos de representar os preparativos e a comilança, muitas frases para representar as conversas.

Mas o que Marina mais gostava era quando a avó resolvia lhe fazer surpresas e, de uma hora pra outra, aparecia com uma forma de bolo e lhe chamava para espiar o bolo de verdade. Ela saía do seu canto e corria para a cozinha com a avó, para assistir o processo de desenformar o bolo. E ajudava a avó a fazer uma bandeja onde colocavam algumas fatias de bolo e copinhos com suco ou leite. Depois voltava pra sala e comia pra valer enquanto a avó se divertia com a diversão de Marina. Esse tipo de atitude da avó fazia com que a brincadeira ficasse mais gostosa, saborosa.

O urso Marina procurava manter no seu colo, e o cachorro, o Totó, ela deixava sentado perto o suficiente para que pudesse receber festinhas de suas amigas.

Ao final do encontro, se despediam e Marina tratava de levar de volta seus brinquedos para o quarto. Ainda tinha pela frente os temas de casa e o banho. E na hora da janta aguardaria ansiosa que a avó comentasse alguma coisa sobre o seu chá, a melhor maneira dela levar ao conhecimento do pai e da mãe como tinha transcorrido sua tarde.

sábado, 22 de maio de 2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Recolhendo Histórias

Histórias reais e histórias de ficção. Histórias que aconteceram e outras que não. Histórias vividas de fato e histórias vividas apenas na imaginação. Estou recolhendo histórias. Estou juntando histórias para minha coleção.

Você tem alguma história que não lhe interessa mais? Você tem alguma história que você sonhou e não viveu jamais? Você quer se desfazer de alguma história? Aproveite essa minha passada... Estou recolhendo histórias.

Me interesso por todas as histórias. Até mesmo por aquelas que pouco interesse despertam. Principalmente por estas. Estou passando e recolhendo histórias que, do contrário, ficariam esquecidas no passado.

Histórias tristes e histórias trágicas. Histórias nunca antes contadas, histórias nunca reparadas. Histórias de pessoas que quase ninguém conhece. Histórias que, em geral, a história esquece. Estou recolhendo histórias. Se você quiser, deposite a sua história em minha cesta.

Aceito histórias de amor e histórias de terror. Histórias que misturam drama e comédia. Histórias que parecem estar codificadas. Algumas histórias que são verdadeiras charadas. Todas elas valem. Todas têm seu valor. Todas me interessam. Estou recolhendo histórias. Estou procurando acolher as histórias que habitualmente não entram para a história.

As histórias singelas e simples. Histórias de gente humilde. Histórias de desejos sonhados e não realizados. Histórias de sonhos frustrados. Histórias de amores profundamente vividos e brevemente interrompidos. Histórias de bebês perdidos. Histórias de gente que se perdeu tentando construir alguma história. Histórias de quem construiu uma grande história e se tornou prisioneiro de sua própria história. Estou recolhendo histórias.

Estou recolhendo histórias e estou aguardando a história que você tem para me dar. Aquela sua história que você nunca gosta de contar. Aquela parte da sua história que você prefere negar e ocultar. Seja porque você não se permite errar ou porque você não admite fracassar, seja porque em sua história existe algo que muito faz você se envergonhar. Cada parte da sua história, cada coisa que você quis mas não foi capaz de conquistar, entregue agora para mim, deixe que eu me encarrego de recolher e guardar. Estou recolhendo todas estas histórias. Estou passando por aqui para lhe oferecer essa oportunidade de desabafar. Livre-se desse pedaço da sua história, esse que você não gosta de lembrar. Estou recolhendo histórias. E você está recebendo uma possibilidade de se libertar.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Um dia importante para Lilian

Lilian não passaria mais nem um dia sem resolver definitivamente onde colocar sua mesa de trabalho. Ao menos para os próximos dias. Talvez para os próximos meses a partir desse dia.

Desceu e subiu as escadas por mais de uma vez explorando e procurando reconhecer cada ambiente da casa. Abriu todas as janelas e experimentou a luminosidade natural invadindo as diferentes peças.

Se instalou no quarto de banho e, enquanto se banhava, fez uma revista com os olhos constatando o quanto adorava aquelas folhinhas verdes da árvore do quintal, aquelas folhinhas verdes que ficavam ali espiando seu banho pela basculante.

Direto para o quarto de dormir, tratou de escolher uma roupa bem quentinha e confortável, vendo as cores e selecionando as texturas, se definindo pela lã e pelo algodão, pelo preto e pelo branco. Depois, enquanto arrumava sua cama, admitiu que não haveria mesmo chance para a mesa de trabalho no quarto de dormir, nem tanto por uma questão de chance, muito mais por uma questão de espaço.

Tomar café na cozinha era um hábito prático e antigo, um hábito que misturava leite com café e açucar, uma fatia de pão integral com mel e queijo branco, além de alguma fruta e às vezes uns goles de suco. Um hábito que geralmente começava na cozinha e podia continuar em lentas caminhadas pela casa, com uma caneca na mão, já procurando reunir o material para trabalhar no dia.

A mesa de trabalho, na sala, junto com o sofá onde Lilian estava agora terminando seu café, fazia uma espécie de solicitação, pedia um local que conjugasse as condições necessárias para favorecer o trabalho.

Lilian sabia que só dispunha daquela sala para jogar com possibilidades de colocação para a mesa.

Sua mesa de trabalho que já havia andado por um e outro canto da sala.

Aproximou-se da porta que se abria para a sacada e chegou a pensar em colocar a mesa na própria sacada, mas para isso precisaria recorrer a obras que forçosamente a levariam a fechar a sacada. Desistiu dessa idéia.

Observou que entre a porta da sacada e a parede lateral esquerda havia espaço suficiente para a mesa se fosse posta enviesada. E ainda seria possível acomodar a estante com todos os apetrechos de uso corrente no cantinho que ficaria livre, o ângulo do canto esquerdo da sala junto à parede da porta da sacada.

Foi até a cozinha deixar sua caneca e voltou para arregaçar as mangas e começar as mudanças na sala, recriando seu espaço de trabalho.

O dia estava recém começando e o sol forte e presente permitiria que ela experimentasse, durante toda a manhã e também por uma parte do turno da tarde, se aquela escolha de fato chegaria a congregar luz e sombra, espaço e clima para ela se posicionar e se movimentar como queria, como precisava.

Quando o ambiente já estava pronto, sentou-se e começou a desenhar. Desenhar e experimentar. Desenhar para experimentar o lugar, os desenhos, os experimentos de trabalho.

domingo, 9 de maio de 2010

Conversando com a mamãe!


Dia das Mães

Mãe... progenitora, amiga, incentivadora, fonte de amor eterno e de carinho.
Que todas as mães verdadeiras tenham um bom dia das mães, na companhia dos filhos ou, se não for possível, fazendo contato por telefone ou e-mail. Que todos os filhos reconheçam o papel e a importância das mães e que sejam gratos por tudo que receberam e recebem delas. Que o domingo do dia das mães seja abençoado.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Chafariz da Redenção


Nietzsche

Sempre há um pouco de loucura no amor, porém sempre há um pouco de razão na loucura.

Nietzsche