quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Aparência versus Realidade

A idéia de que "nada é o que parece" é fundamental à cosmovisão de muitos sistemas filosóficos e crenças religiosas. Comum a todos é a noção de que o mundo cotidiano não é, de fato, o mundo verdadeiro, mas uma ilusão, ou, pelo menos, um plano fragmentário, por meio do qual talvez se possa ter um relance da realidade genuína que ele mascara. A principal mensagem da maioria das crenças religiosas é que nossa experiência terrena é apenas a ponta do iceberg cósmico, um estágio limitado e inferior no caminho rumo à vida eterna celestial, à iluminação perfeita, ou a algum outro estado ideal.

A alegoria da Caverna de Platão ilustra a crença de que nossas percepções são meras sombras da realidade. A oposição kantiana entre o fenômeno (a "aparência") e o númeno (a "coisa em si") faz uma distinção semelhante. Aqueles que questionam ou descartam essa concepção viram a convicção de cabeça para baixo: costumam considerar o mundo das aparências como genuíno e o "mundo além" como ilusão. (aqui reside toda a origem dos conflitos e dos desentendimentos) Pode-se dizer que a Metafísica, a investigação da verdadeira natureza da realidade, trata principalmente de separar o real do aparente.

A distinção aparência/realidade pode aplicar-se tanto ao mundo puramente fenomenal quanto aos domínios espiritual e filosófico. Os marxistas, por exemplo, afirmam que as aparências superficiais das interações sociais (por exemplo, um mercado de trabalho livre) não raro ocultam a realidade subjacente das estruturas societárias (o poderio econômico coercitivo que os patrões exercem no Capitalismo).

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