segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Poema Élévation de Charles Baudelaire

Acima dos pântanos, acima dos vales,
Das montanhas, dos bosques, das nuvens, dos mares,
Para além do sol, para além dos éteres,
Para além dos confins das esferas estreladas,
Meu espírito, tu te moves com agilidade,
E, como bom nadador desmaiando nas ondas,
Tu sulcas alegremente a profunda imensidade
Com uma volúpia máscula e indizível.

Voa bem longe destes mórbidos miasmas;
Vai te purificar no ar superior,
E beba, como um puro e divino licor,
O fogo claro que preenche os límpidos espaços.

Por detrás dos tédios e dos vastos pesares
Cuja carga apesanta a brumosa existência
Feliz quem puder com vigorosa asa
Se lançar aos campos serenos e luminosos.

Aquele cujos pensamentos, como cotovias,
Rumo aos céus de manhã levantam vôo,
Que plana sobre a vida, e entende sem esforço
A linguagem das flores e das coisas mudas!

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