sexta-feira, 15 de outubro de 2010

No parque

A música que eu escutava, saída do velho realejo, me levava para o lugar que era mais parecido comigo, um lugar onde não era preciso dizer nada porque tudo já estava dito, tudo já era sabido. Ali era um lugar só para se estar, para ficar, para ser sem falar. As coisas todas eram conhecidas e próximas de mim. E eram muitas e eram vivas e não me agrediam.

Eu me ajoelhei sobre a grama molhada e manchei os meus joelhos de terra e fiquei ali deixando a chuva cair no meu rosto. Rezei de mãos postas e fiquei feliz, me sentindo abençoada por ter coragem de ser quem eu era. Fiquei feliz por não ter me perdido de mim. Por preferir e escolher a mim. E rezei e agradeci porque todas as minhas vivências estavam comigo.

Meu amor pela vida!
Meu amor pela natureza!
Meu amor pelas pessoas!

Os bebês, as crianças e os adolescentes, os adultos, as pessoas velhas e vividas, sábias, as pessoas criadoras de arte e de vida, as pessoas preservadoras da arte e da vida, e as pessoas pequenas e fracas, vitimadas na vida.

E a chuva me batizando trazia justamente um testemunho de comunhão e eu não precisei nunca mais confundir que o meu amor estivesse restrito a alguém errado, porque o meu amor jamais poderia estar restrito a alguém que não me ensinasse e que não aprendesse comigo.

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