sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Flor

Uma flor para o final do ano!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Virada do Ano

Chegamos ao final do ano de 2010 e eu só tenho que agradecer por tudo de bom, significativo e importante que aconteceu neste ano. Melhorei muito! Com o apoio da família, dos terapeutas, dos amigos, reais e virtuais, mas também, e muito, pelo meu próprio empenho.

Desejo que em 2011 eu prossiga melhorando e que seja um ano repleto de saúde (e boas resoluções para as doenças), paz, harmonia, produtividade, prosperidade, amor, união, alegrias e felicidade.

Feliz Ano Novo a todos!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Ano Novo

"... Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente."

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 25 de dezembro de 2010

Natal

Dia de celebrar o nascimento de Jesus Cristo, o mais humano dos humanos que já passou por aqui. Dia de curtir a tradição do Papai Noel, o bom velhinho que traz presentes. Dia de confraternizar e comemorar os laços afetivos. Dia de lembrar que somos todos irmãos.

Que o espírito natalino nos acompanhe todos os dias.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

domingo, 19 de dezembro de 2010

Amor

O amor por uma pessoa deve incluir os corvos de seu telhado.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Domingo

O dia está nublado e está caindo um chuvisco. Tempo instável. Mas agradável, fresquinho. Um domingo como tantos outros, almoço e tarde com a família, mãe, irmãos e sobrinhos. Falei com o Filipe só pelo telefone, está tudo bem. A chuva parou, mas agora, à tardinha, voltou. E eu voltei pra casa. Pra casa e pro computador. Contatos virtuais e um pouco de escrita. Pra dizer que certas coisas que acontecem são muito simples, comuns, mas nem por isso deixam de ser bacanas e importantes. Longas histórias. Ou histórias curtas. Sempre histórias que vão da rotina ao inusitado. Histórias recheadas de emoção. O amor e o convívio nas mais diversas formas.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Legião Urbana

Quando o Sol bater na janela do teu quarto./ Lembra e vê que o caminho é um só./ Porque esperar se podemos começar tudo de novo./ Agora mesmo./ A humanidade é desumana./ Mas ainda temos chance./ O Sol nasce pra todos. Só não sabe quem não quer.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Luis Fernando Verissimo

Nossa missão: Compreender o universo de cada ser humano, respeitar as diferenças, brindar as descobertas, buscar a evolução.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Oscar Wilde

Para escrever só existem duas regras: ter algo a dizer e dizê-lo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Turma de Alice no País das Maravilhas


Em homenagem à "menina psicodélica" que vi, ontem à tarde, atravessando o Parque da Redenção.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Snoopy!


A grama do vizinho sempre é mais verde...


Até você descobrir que é artificial!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O sagrado em cada momento - Osho

Um amigo vem e segura a sua mão ou te abraça. Não perca essa oportunidade, porque Deus veio na forma da mão, do abraço, na forma de um amigo...

Uma pequena criança passa e sorri. Não perca isso, sorria com a criança, porque Deus sorriu através da criança...

Você passa na rua e uma fragrância vem de um jardim. Pare ali por um momento e se sinta grato, porque Deus veio como fragrância...

Se você puder celebrar momento a momento, a vida se tornará sagrada e não existirá outra religião. Não há necessidade de ir a qualquer templo, igreja ou sinagoga para encontrar Deus.

Então, onde você estiver será o templo, e tudo o que você fizer será sagrado.

sábado, 27 de novembro de 2010

Leon Tolstói

Todas as famílias felizes são iguais, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Situações

A estagnação não dura para sempre, entretanto, ela não acaba por si mesma.


E o que não se busca da maneira correta não se encontra.


E quem não sabe o que procura não compreende o que encontra.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

EINSTEIN, Albert

"Peace cannot be kept by force. It can only be achieved by understanding."

sábado, 20 de novembro de 2010

Redenção, parque da minha vida!


Dos primeiros passos a grandes caminhadas. Das primeiras pedaladas até altas voltas de bicicleta. Passeios com a família, com amigos, namoros. Contemplação das belas paisagens, as árvores antigas e grandiosas, o lago, com seus pedalinhos, o espelho d'água refletindo as imagens, a fonte, o chafariz, o monumento ao expedicionário, e muito mais, tudo lindo de se ver e muitas vezes fotografado. Os eventos no Araujo Vianna. O parquinho com seus brinquedos. As pessoas passeando ou fazendo esportes, bebês e crianças curtindo o ar puro e o canto dos pássaros, cachorros se esbaldando. É tudo muito legal! Me dá paz e alegria passear na Redenção. Mesmo sabendo que à noite o parque se torna sinistro. Mesmo sabendo que nos finais de semana ele lota e fica intransitável. Gosto que seja assim. O parque incorpora muitas facetas humanas e sociais. 

E digo que é o parque da minha vida por tudo isso. E porque agora, na minha recuperação, em Acompanhamento Terapêutico com o Marcelo, tem sido o lugar mais frequente de passeios, caminhadas e conversas junto à natureza.
Me faz muito bem ir ao parque da Redenção. (Mas por enquanto ainda não me animo a ir sozinha).

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Adélia Prado

Deus de vez em quando me castiga. Me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra.

sábado, 13 de novembro de 2010

Sonhos!

O sonho acabou? Claro que não. Temos muitos sonhos. Temos sonhos de creme, de doce de leite e também com goiabada. E eles são de diferentes tamanhos. Temos os sonhos pequenininhos, temos os médios e os grandes. Temos sonhos para diferentes gostos e para diferentes desejos e intensidades de vontades. Sim, porque sonho não é só pra matar a fome, sonho é pra gente se deliciar enquanto come.

Sabemos muito bem que se não sonhássemos enlouqueceríamos. Sabemos que o sonho é como uma liberação do inconsciente. É enquanto dormimos e enquanto sonhamos que vem à tona, nos sonhos, muito conteúdo inconsciente que, por ser inconsciente, desconhecemos conscientemente. Nossas profundezas mais arcaicas. Nossa antiguidade mais original. Nós, em essência. Essa bagagem nossa, por vezes tão contida, nossa força primordial, em parte guardada e incógnita de nós mesmos, a se revelar mais livremente e verdadeiramente nos sonhos, sem freios, sem precisar se submeter a olhares externos feios, sem ter que se escravizar a palavras e gestos externos feios. Nós em sonhos, nós sonhando, sem submissão às restrições dos limites do real, do social, de tantas gentes e coisas que tantas vezes já nos causaram tanto mal. Por causa disso tudo, sonhamos os sonhos do céu, sonhos bons de sonhar, gostosuras as mais diversas, nos sonhos. E também somos apanhados sonhando sonhos do inferno, os pesadelos, os sonhos ruins que fazem sair pra fora todos os nossos medos e sustos, todas as malvadezas que fizeram conosco. Mas que vale que podemos sonhar. E só nos sonhos nos encontramos a nos encontrar. Nós sonhando, liberando nos sonhos tudo o que está submerso em nós. Desejos de tudo quanto é tipo. Desejo de se libertar, desejo de ser feliz e amar, desejo de realizar o que a princípio é só um sonhar.

O sonho está presente. O sonho é o que continua impulsionando e movendo a gente. O sonho em fantasia, quando sonhamos acordados. O sonho em fantasia de sonhar as muitas possibilidades de viver e transformar o real, para muito além do apenas necessário, além do apenas possível, para lá de tantas limitações que entravam a entrada do sonho no real. E entremeando o real de sonhos presentes, impulsionando e movendo as gentes a novas realizações no presente, o sonho aparece em riquezas de imaginação, em farturas de outras e novas opções de ação. O sonho que transborda, mais que tudo, do coração, do coração que sente e que cria com muito mais sensibilidade do que quando o que é criado é frio e racional, oriundo só de uma parte da mente.

Você já realizou todos os seus sonhos? Você já realizou alguns dos seus sonhos? Quais? Quantos? Quais são os seus sonhos, ainda? Quantos são os seus sonhos? Como é que você se sente? Você se sente realizado? Você está feliz com suas realizações? Suas realizações estão em dia com seus sonhos? E se você não conseguiu realizar os seus sonhos, será que você é muito sonhador? Ou será que você encontrou muitos obstáculos para realizar os seus sonhos?

Quem são estas pessoas tão sonhadoras? Que sonhos sonha cada um? Cada um sonha um sonho sozinho? Ou o sonho de cada um está, irremediavelmente, relacionado e vinculado a tantos outros sonhos? Os sonhos de tantos outros...

Eu tive você muito tempo presente nos meus sonhos. Por muito tempo eu sonhei com você. Por muito tempo o meu sonho quase que teve que ser sonhar pra você, sonhar por você. Por muito tempo o meu sonho esteve a mercê dos seus sonhos. A minha vida esteve a mercê dos seus sonhos. Por muito tempo... Por muito tempo a minha vida esteve a mercê dos seus sonhos e não me restou muito mais a fazer senão sonhar. Durante muito tempo eu estive impedida de viver a minha vida livremente, recheando a minha vida com os meus próprios sonhos, porque eu estava com a minha vida submissa aos seus sonhos. Mas...

Quem não se perdeu dos seus sonhos, mesmo que tenha comido o pão que o diabo amassou, ainda sabe sonhar e ainda sabe que quando se sabe sonhar pode se fazer uma ponte do sonho para a vida real. Uma ponte do sonho para o real, para o real do meu sonho, para o meu real, para o meu sonho real.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Rita Lee

minha saúde não é de ferro não
mas meus nervos são de aço
pra pedir silêncio eu berro
pra fazer barulho eu mesma faço

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Charles Kiefer

Charles Kiefer, excelente escritor e professor.

Meu professor na oficina literária, que frequentei de maio a dezembro de 2004. Oficina que me permitiu valioso aprendizado e gerou frutos: dois contos publicados nas coletâneas 101 que contam e 103 que contam, e dois contos publicados na Vitrine Literária do site da oficina do Charles. Muito gratificante!

Sou muito grata ao Charles. Tenho grande admiração, respeito e carinho por ele.

Um remédio a menos

Recentemente, há um mês, mais ou menos, parei de tomar litium. Primeiro o psiquiatra reduziu a dose pela metade, e depois tirou por completo.

Fiquei muito feliz porque estou reagindo bem e é muito bom poder diminuir a ingestão de remédios.

O litium é um moderador de humor. Durante todo o tempo que tomei, tive estabilizado o meu humor, nem depressão, nem surtos, nem muita tristeza, nem muita euforia. Ficava meio neutra. Mas era uma neutralidade artificial, conquistada às custas da medicação. Agora, sem o remédio, estou me sentindo mais viva de novo, mais como eu era antes de acontecer tudo o que aconteceu. Estou adorando. Estou mais sensível de novo. Mas estou vigilante, cuidando para não me perder em extremos.

Muitas vontades estão voltando. Vontade de retornar para o meio social. Vontade de produzir. Vontade de escrever mais. Cheguei a pensar em voltar para a oficina literária com Charles Kiefer. Quem sabe...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Vereda Literária

Hoje, quarta-feira, 10 de novembro de 2010, às 19 horas, na Palavraria (Vasco da Gama quase esquina com Fernandes Vieira), Monique Revillion e Daniela Langer estarão conversando sobre Literatura e Consciência.

Vou lá conferir!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Budismo

Momentos maravilhosos de importante aprendizado na palestra de ontem com Sogyal Rinpoche.
Me sinto grata e plena.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

The day after

O show do Paul McCartney foi maravilhoso, é o relato unânime de todos os que assistiram ao show. E não podia ter sido de outro modo, sendo ele quem é, super talentoso e profissional.

Não vivi a emoção do show, aquela adrenalina de estar fazendo parte de um grande grupo que reverencia o artista e usufrui o espetáculo, mas estou feliz mesmo assim. Feliz porque isso aconteceu na minha cidade, porque foi tudo num clima de paz e amor, porque muitas pessoas que conheço e gosto assistiram o show.

E porque não poderia ter ido mesmo. Passei pela frente do estádio, às 6 horas, mais ou menos, me encaminhando para um passeio na zona sul, e vi aquelas filas imensas pra entrar. Todos no sol. É um pouco um sacrifício. Que compensa pela maravilha do show depois. Mas pra mim não dá. Minha doença me fez baixar a bola, me deu mais noção dos meus limites, me tornou mais consciente e madura. Até para compreender a impossibilidade de realizar certos desejos.

sábado, 6 de novembro de 2010

14 Bis

Primeiras tentativas de vôo.
Pequenos vôos.

Muita calma nessa hora

Paul McCartney já está em Porto Alegre. Só de saber isso já dá uma baita emoção. É claro que ele não pode circular livremente pelas ruas (acho eu), é claro que ele precisa se resguardar, mas espero que ele conheça um pouco da cidade, das pessoas, e que possa se sentir bem, que goste daqui, que leve boas lembranças daqui, já que vai deixar muita lembrança boa para todos que vão assistir ao show, para todos que vão ter algum contato com ele.

Não resta dúvida de que o show vai ser um showzaço, para uma multidão de 50 mil pessoas, mas para as pessoas que não vão ao show, assim como eu, fica a noção de que Porto Alegre tem 1 milhão e 390 mil habitantes, ou seja, a maior parte da população não vai ao show. São coisas da vida. Proporções. Um monte de energia concentrada num evento importante, bacana, sem dúvida, mas a vida é maior que esse evento, belo, mágico, histórico, forte, e passageiro.

É que nem uma montanha-russa, uma concentração de emoção forte por um período restrito... Entendo isso, conheço isso, de outros tempos, mas minha doença me tornou cautelosa com os extremos de emoções. Pra ficar bem, preciso pegar leve, preciso sempre de recolhimento.

Estou tentando me consolar por não poder ir a um show que adoraria assistir. É por isso que eu digo: muita calma nessa hora.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Show do Paul em POA, mais que histórico, mágico!

É quase inacreditável. Um Beatle em Porto Alegre! Mas é verdade. Daqui a dois dias acontece o show de Paul McCartney no Beira Rio. (Será que Paul é colorado?) Com 68 anos, em pleno vigor, ele vem com Up and Coming Tour pra tocar na nossa amada cidade. Um show histórico, com certeza, reunindo fãs de várias gerações e mexendo com a gente, com tudo que representa a memória dos Beatles e a continuidade em carreiras solo. Mais que histórico, um show cheio de um clima mágico. E é bom saber que muita coisa muda, algumas coisas terminam, mas a vida continua sempre rica e oferecendo novas oportunidades.

Não vou ao show, mas estou curtindo essa vinda, estou acompanhando tudo e vibrando. É que minha vida é assim, algumas partes eu vivo à distância, meio platonicamente. E sou feliz desse jeito! É o meu jeito.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Poemas no Ônibus

Esse projeto, Poemas no Ônibus, aqui em Porto Alegre, é muito bacana. Porque humaniza o dia a dia, coloca poesia na rotina, além de dar oportunidade para poetas anônimos terem seus poemas publicados e lidos por muitas pessoas, os passageiros dos ônibus. Mas também acontece de se ler poemas de poetas renomados, também são publicados poetas famosos.

Andar de ônibus tem suas vantagens e suas desvantagens. É bom por ser um transporte coletivo, mais ecológico e econômico. É bom porque nos leva onde queremos ir e nos coloca em contato com a população. Mas é um pouco ruim porque às vezes o ônibus demora a chegar e temos que ficar um tempão esperando. É ruim quando o ônibus está cheio e fica difícil se locomover e se segurar dentro dele. É difícil de se segurar quando estamos carregando objetos, como guarda-chuva, quando está chovendo. Mesmo assim, em meio às dificuldades, nos deparamos com os poemas e isso nos dá um certo alívio.

A vida é um pouco assim, como os poemas no ônibus. A vida é cheia de tarefas e obrigações que nem sempre são fáceis, nem sempre são do nosso agrado. E é por isso que precisamos ver poesia na vida, os aspectos bonitos, a sensibilidade à natureza e às pessoas, as artes, a literatura... Temos que conciliar as coisas. Nem só jogo duro cotidiano, nem só fantasia. Sim, a vida real com poesia!

PS: Mas às vezes, quando o ônibus não está cheio e minha viagem é mais longa, me sento e fico olhando pela janela. Vejo minha cidade, repleta de árvores, e observo as pessoas que caminham em diferentes ritmos e direções. Nessas ocasiões acontece de me vir inspiração para algum conto ou poema ou uma simples frase de efeito.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Siga!

A
Rua
Vida

tem
ida.

VIVA!

Eugenio Parente

POEMAS no ônibus 2010

Dia de Finados

Saudade dos meus mortos queridos... Meu pai, Mário, minha tia-avó, Hermínia, minha avó materna, Marilia, meus avós paternos, Xaves e Thereza, e tantos outros, familiares e amigos que já partiram. Neste dia de finados, fica minha lembrança e meu desejo de que descansem em paz.

domingo, 31 de outubro de 2010

FEITO!!!

FEITO!!!

É DILMA LÁ!!!

BENZA DEUS!!!

Halloween - Dia das Bruxas

Como disse Moacyr Scliar, em sua coluna no caderno DONNA, de Zero Hora dominical, a festa do Dia das Bruxas, hoje, é boa pra se brincar e externalizar nossas fantasias sobre este assunto: bruxarias.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cândido Portinari

Vim da terra vermelha
E do cafezal
As almas penadas, os brejos e as matas virgens
Acompanham-me
Como o espantalho
Que é meu auto-retrato

Todas as coisas
Frágeis e pobres
Se parecem comigo
Minha pupila estará cheia
De tanta gente?
Mas está vazia...
Fantasmas movendo-se sem existência

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Morte 2

Pra morrer basta estar vivo nos fala da fragilidade da vida, como os Morangos Mofados. Morangos Mofados é o título de um livro do Caio Fernando Abreu, e dia desses eu comprei uma bandejinha de morangos e me deparei com essa situação, alguns morangos lindos, vermelhos, vivos, saborosos, e outros já mofados, feios, inutilizados, imprestáveis, morrendo. Me dei conta, então, da metáfora: assim como os morangos é a vida, bela, maravilhosa, mas frágil, perecível. Há que ter cuidado, há que aproveitar cada momento porque tudo passa, há que saber valorizar as ocasiões com suas características, há que saber viver!

O seguro morreu de velho nos diz que se vivermos com segurança viveremos mais e melhor. Volta aqui a questão do cuidado. Vida requer cuidado, carinho, atenção, para que seja um bem viver. E se tivermos esse bem viver, se tivermos a sorte de não encontrar acidentes pelo caminho, se soubermos tratar e contornar doenças que se apresentem, poderemos, quem sabe, viver muito, por muito tempo, e morrer velhinhos tendo conhecido e compartilhado muito da vida.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Morte

A morte é o acontecimento universal por excelência: a única coisa da qual nós estamos verdadeiramente certos, ainda que ignoremos o dia e a hora, o porquê e o como é que se deve morrer (...).

É, já diz o dito popular:

Pra morrer basta estar vivo.

Mas tem um outro dito popular que diz:

O seguro morreu de velho.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Nada Sobrou - Mario Quintana

As pessoas sem imaginação podem ter tido as mais imprevistas aventuras, podem ter visitado as terras mais estranhas... Nada lhes ficou. Nada lhes sobrou. Uma vida não basta apenas ser vivida: também precisa ser sonhada.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Afinidade

"Quando há afinidade as coisas não se perdem, independente de tempo e de espaço".

domingo, 24 de outubro de 2010

GRENAL

Hoje tem GRENAL, o clássico duelo farroupilha.
Sempre dizemos: - Que vença o melhor!

Toda a minha família de origem e eu, somos colorados. Meu único e amado filho é gremista. De modo que ficamos assim, se meu time vence eu fico feliz, meu filho fica triste porque o time dele perdeu, mas fica um pouco feliz por mim; se o time dele ganha ele fica feliz, eu fico triste porque o meu perdeu, mas fico um pouco feliz por ele. Somos torcedores, mas antes de mais nada somos mãe e filho, amigos, parceiros. Nunca brigamos por causa do futebol. Como diz a gravura acima: Rivais sim, Inimigos não!

Deu empate! Tudo igual... 2 a 2.

sábado, 23 de outubro de 2010

Chico Buarque

"no tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido"

Alma lavada!

A gente estava trabalhando e o trabalho era ensinar e ensinar era também aprender. Se fazia de tudo um pouco e se misturava o real, o imaginário e o simbólico. De olhar, ouvir e observar bastante. De brincar e inventar. Considerando o brincar uma coisa muito séria. Se lia, se escrevia e se falava, a gente muito conversava. Se brincava de perguntar e responder, tentando perceber o que cada um estava sentindo e buscando levar um pouco de conforto e esclarecimento, se fosse possível. Se brincava de trabalhar e se trabalhava brincando, e acontecia o que mais se queria, que era aquilo de sentir prazer e se integrar e crescer.

A gente ía até onde estavam as pessoas para conhecer a vida delas de pertinho, para saber como era de verdade. E as pessoas queriam aprender com a gente e a gente ensinava o que sabia, sobre movimentos e atividades e cuidados com o corpo e com a vida. Fazíamos tudo com alegria e dedicação. E nós também aprendíamos com tanta gente diferente, de todas as idades, desde bebês e crianças até os bem velhinhos, passando pelos adolescentes e adultos. Gente de muitas histórias diferentes, mas que em comum tinham o gosto pela vida, a vontade de viver, mesmo tendo problemas aqui e ali. E toda essa gente gostava muito de nós, eles gostavam de poder contar conosco.

Uma coisa que muito se ensinou e que muito se aprendeu foi olhar com toda a atenção que se pode ter para perceber mais e mais as pessoas, o lugar delas, seus valores, seus costumes, as coisas que fazem e como se sentem. Perceber que o trabalho era conhecer a vida e entender que a saúde e a doença acontecem muito de acordo com o tipo de vida que a pessoa leva.

Foi uma experiência rica, para a comunidade, para os alunos estagiários e para mim, como fisioterapeuta e professora supervisora.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Fantasmas

Acho que em alguns casos é impossível esquecer. Existem situações inesquecíveis, tamanha a força com que nos impressionam e nos marcam. São situações das quais ficamos tão impregnados que passam a fazer parte de nós com todos os seus componentes. Isso pode ser bom. Isso pode ser ruim. Mas a verdade é que seguimos a vida levando conosco o inesquecível das nossas vidas. O que se faz, o que se pode fazer, o que, ao menos, se tenta fazer é lidar com o que não é possível esquecer. Estes fantasmas. Bons, como o Gasparzinho, o fantasminha camarada. Ruins, fantasmas assustadores, nossos traumas. Os nossos fantasmas.

Um louco pode ser alguém repleto de fantasmas, assombrado por fantasmas mais do que tocado pela realidade, alguém que vive condenado aos seus fantasmas.

E nós, o que temos de diferente dos loucos? Somos um pouco menos loucos. Temos, talvez, a possibilidade de domar e colocar rédeas em nossos fantasmas ou, simplesmente, a opção de fazer uni-duni-tê e escolher, a cada dia, o fantasma que vamos enfrentar.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Nós

Nós já estávamos na metade do caminho e decidimos parar um pouco para descansar. Colocamos nossos casacos sobre o pasto e fizemos com eles um confortável tapete para nos sentarmos. Acabamos por nos deitar ali mesmo e por uns bons minutos ficamos em silêncio, olhando para o céu. Depois brincamos com as múltiplas nuvens bem brancas e fofas que formavam desenhos infantis. Brincávamos de dizer o que cada um de nós enxergava em cada nuvem. Caras de bichos e formas geométricas que pareciam árvores e casas. O cheiro da terra tão perto de nós lembrava mais ainda a nossa infância e a impressão que dava é que éramos crianças novamente. Aquele ruído das cigarras cantando e o sol que vinha direto em nós nos deixava sonolentos e acho até que cochilamos de leve. Eu estava bêbada daquela situação, inebriada por contemplar tanta natureza à nossa volta e por não estar sofrendo pressão de espécie alguma. Nos demos as mãos e foi então que ele começou a me falar sobre os sentidos e os porquês, me contou muitas histórias sobre tudo o que vinha vivendo e me falou sobre as suas dores, sobre amores e desamores, me explicou como para ele era importante não perder o fio da meada e me pediu para sempre ser fiel aos meus sentimentos.

Meus sentimentos estavam cansados, estavam sentidos, meus sentimentos estavam querendo dar um tempo e eu queria deixar de sentir só por uns dias, queria ser fiel aos meus sentimentos, eu não estava mais aguentando tanto sentimento.

Eu não teria procurado por ele e não teria pedido para irmos até lá fora, onde eu me sentia melhor, mais em paz, se eu não estivesse tão esgotada de tanto tempo vivendo infernizada pela loucura das pessoas loucas que me rodeavam na cidade. Eu só fui até lá, eu só fui até ele porque ele era a única pessoa que me passava a confiança já tão perdida, ele é a única pessoa que me passa carinho e que me permite ficar à vontade sem me pressionar de maneira alguma. Ele tem essa habilidade comigo, sabe como me fazer ficar bem e sabe aceitar meus estados alterados quando eu não estou bem. Ele gosta de mim. E eu gosto dele. Nós temos uma cumplicidade e uma afinidade. Nós sabemos que não podemos ir além, mas nós também sabemos que para nos compreender e nos proporcionar esse bem estar talvez não exista mais ninguém.

Eu queria muito que, assim como ele, que me aceita e me recebe bem, assim como eu, que também consigo ser esse refúgio e essa depositária dos desabafos dele, eu queria muito que nós dois pudéssemos encontrar para nós pessoas que fossem capazes de nos aceitar e nos receber e que nós pudéssemos amar sem culpa e sem drama.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

T. S. Eliot

Minhas sensações externas não são menos pessoais para mim do que os meus pensamentos e sentimentos. Em ambos os casos, a minha experiência incide dentro de meu próprio círculo, um círculo fechado em sua parte externa; e, com todos os seus elementos semelhantes, cada esfera é opaca em relação às outras que a circundam... Em suma, considerado como uma existência que surge numa alma, o mundo inteiro, para cada um, é peculiar e particular àquela alma.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Poema Élévation de Charles Baudelaire

Acima dos pântanos, acima dos vales,
Das montanhas, dos bosques, das nuvens, dos mares,
Para além do sol, para além dos éteres,
Para além dos confins das esferas estreladas,
Meu espírito, tu te moves com agilidade,
E, como bom nadador desmaiando nas ondas,
Tu sulcas alegremente a profunda imensidade
Com uma volúpia máscula e indizível.

Voa bem longe destes mórbidos miasmas;
Vai te purificar no ar superior,
E beba, como um puro e divino licor,
O fogo claro que preenche os límpidos espaços.

Por detrás dos tédios e dos vastos pesares
Cuja carga apesanta a brumosa existência
Feliz quem puder com vigorosa asa
Se lançar aos campos serenos e luminosos.

Aquele cujos pensamentos, como cotovias,
Rumo aos céus de manhã levantam vôo,
Que plana sobre a vida, e entende sem esforço
A linguagem das flores e das coisas mudas!

domingo, 17 de outubro de 2010

Horário de Verão


Hoje inicia o horário de verão. Quem mora nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil tem que adiantar o relógio em uma hora. O objetivo é aproveitar mais a luz solar e economizar energia elétrica.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

No parque

A música que eu escutava, saída do velho realejo, me levava para o lugar que era mais parecido comigo, um lugar onde não era preciso dizer nada porque tudo já estava dito, tudo já era sabido. Ali era um lugar só para se estar, para ficar, para ser sem falar. As coisas todas eram conhecidas e próximas de mim. E eram muitas e eram vivas e não me agrediam.

Eu me ajoelhei sobre a grama molhada e manchei os meus joelhos de terra e fiquei ali deixando a chuva cair no meu rosto. Rezei de mãos postas e fiquei feliz, me sentindo abençoada por ter coragem de ser quem eu era. Fiquei feliz por não ter me perdido de mim. Por preferir e escolher a mim. E rezei e agradeci porque todas as minhas vivências estavam comigo.

Meu amor pela vida!
Meu amor pela natureza!
Meu amor pelas pessoas!

Os bebês, as crianças e os adolescentes, os adultos, as pessoas velhas e vividas, sábias, as pessoas criadoras de arte e de vida, as pessoas preservadoras da arte e da vida, e as pessoas pequenas e fracas, vitimadas na vida.

E a chuva me batizando trazia justamente um testemunho de comunhão e eu não precisei nunca mais confundir que o meu amor estivesse restrito a alguém errado, porque o meu amor jamais poderia estar restrito a alguém que não me ensinasse e que não aprendesse comigo.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Resgate dos mineiros chilenos

Como o mundo inteiro, acompanhei o resgate dos mineiros chilenos com muita emoção, fé e expectativa. Só podemos agradecer a Deus e a toda equipe que trabalhou para que fosse possível esse resgate. O nome da cápsula não podia ser mais adequado, Fênix. Agora que está tudo resolvido, fica a idéia de que é preciso mais atenção e cuidados para prevenir acidentes como esse na área da mineração.

Cowparade - Praça do Rosário

Detalhe: ao fundo, nesta foto, o Hospital Beneficencia Portuguesa, onde nasci. E aí vai o link para ver todas as vacas, o nome delas, o nome do artista que criou e o lugar onde elas estão.

http://www.cowparade.com.br/poa/galeria.php

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Datas importantes em outubro

Dia 02 de outubro: dia do nascimento e aniversário da minha mãe querida. Fez 77 anos e está firme, apesar de alguns comprometimentos de saúde. Minha doença me aproximou da minha mãe. Tive que ser cuidada por ela, já adulta. Hoje tenho uma relação harmoniosa e carinhosa com ela. Adoro nossas conversas, quando ela relembra muitas coisas e conta muitas histórias legais.

Dia 03 de outubro: dia do primeiro turno das eleições. Elegi nosso governador, Tarso Genro, um senador, Paulo Paim, e um deputado estadual, Raul Pont. E agora faço campanha pela Dilma para presidente.

Dia 04 de outubro: Dia Mundial dos Animais! Animais são um barato!

Ontem, dia 10 de outubro, foi o aniversário do meu sobrinho e afilhado, Érico, filho do Jorge e da Dani. Fez 11 anos. Está um fôfo. É e sempre foi um fôfo. Super querido, inteligente, espirituoso. É excelente aluno e adora ler. Dei um livro de presente pra ele, um livro que ele pediu, de uma coleção que ele está lendo. A batalha do labirinto, livro 4, Percy Jackson e os Olimpianos. Assim não tem erro, é certo que ele vai curtir. Adoro esse menino!

Dia 12 de outubro: dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Uma das imagens de Nossa Senhora, Maria, mãe de Jesus. É claro que vou ter um momento dedicado a orar, silenciar a mente das coisas mundanas para buscar transcendência.

Dia 12 de outubro: Dia da Criança! É só uma data representativa, porque todo dia é dia da criança. Mas à parte das comemorações e presentes, à parte da alegria que a data quer ressaltar, sabemos que a infância é um período importantíssimo, de formação da personalidade, de formação da pessoa, e é um período difícil, repleto de situações que podem ser confusas, às vezes frustrantes, às vezes traumáticas. De qualquer forma, curto comemorar a data com as crianças da família e evocando, nos adultos, a criança que fomos e trazemos conosco.

Dia 13 de outubro: dia do aniversário da minha irmã mais velha, Marilia. Estará fazendo 56 anos. Uma pessoa maravilhosa, exemplar, alguém que eu admiro muito. Mora em Florianópolis, por isso não nos vemos muito seguido, mas falamos pelo telefone com frequência e de tempos em tempos ela vem pra cá, outras vezes sou eu que vou pra lá.

Dia 13 de outubro: Dia do Fisioterapeuta! Que muito fui. Que minha irmã mais moça, Marta, é. Profissão linda, de auxílio na prevenção, tratamento e reabilitação de transtornos físicos. Faz de nós terapeutas corporais.

Dia 15 de outubro: Dia dos Professores! Profissão fundamental e linda.

Dia 17 de outubro: dia do aniversário de minha avó paterna, Thereza. Pessoa forte e ao mesmo tempo doce, carinhosa. Só deixou boas lembranças. Saudades.

Dia 17 de outubro: dia do aniversário do Gui Xavier, meu sobrinho-neto, filho de meu sobrinho, Gabriel, neto do meu irmão, Mário. Estará fazendo 5 anos. Um rico menino, lindo, loirinho. O pioneiro desta geração. Preparando o terreno, junto com seu mano, Théo Felipe, para quando eu for avó.

Dia 18 de outubro: Dia do Médico! Profissão sagrada. Médicos, quando bons e realmente vocacionados, são o amparo à nossa saúde, à nossa vida. Imprescindíveis. Meu amado pai era médico. E era um bom médico. Além de bom pai. Saudades.

Dia 25 de outubro: Dia do Dentista! Nossos aliados para a saúde bucal. Muito importante.

Dia 27 de outubro: Aniversário do Presidente Lula!!! Parabéns!!!

Dia 31 de outubro: dia do segundo turno das eleições presidenciais. Sério demais. Importante demais. A decisão de como vão transcorrer os próximos 4 anos. Eu voto Dilma!

Ufa... Mês movimentado esse mês de outubro.

sábado, 9 de outubro de 2010

O ECO - Cecília Meireles

O menino pergunta ao eco
onde é que ele se esconde.
Mas o eco só responde: "Onde? Onde?"

O menino também lhe pede:
"Eco, vem passear comigo!"
Mas não sabe se o eco é amigo ou inimigo,

Pois só lhe ouve dizer:
"Migo!"

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Lembranças


Guardo o melhor das lembranças. Como os fogos de artifício nas festas de São João. A beleza colorida e mágica dos fogos se irradiando pelo céu e caindo sobre nós, sobre nossas cabeças olhando para cima. E a honestidade do artifício assumido se desmanchando até desaparecer. Maravilha!!!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Fernando Pessoa

Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.
Viver é não conseguir.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Aparência versus Realidade

A idéia de que "nada é o que parece" é fundamental à cosmovisão de muitos sistemas filosóficos e crenças religiosas. Comum a todos é a noção de que o mundo cotidiano não é, de fato, o mundo verdadeiro, mas uma ilusão, ou, pelo menos, um plano fragmentário, por meio do qual talvez se possa ter um relance da realidade genuína que ele mascara. A principal mensagem da maioria das crenças religiosas é que nossa experiência terrena é apenas a ponta do iceberg cósmico, um estágio limitado e inferior no caminho rumo à vida eterna celestial, à iluminação perfeita, ou a algum outro estado ideal.

A alegoria da Caverna de Platão ilustra a crença de que nossas percepções são meras sombras da realidade. A oposição kantiana entre o fenômeno (a "aparência") e o númeno (a "coisa em si") faz uma distinção semelhante. Aqueles que questionam ou descartam essa concepção viram a convicção de cabeça para baixo: costumam considerar o mundo das aparências como genuíno e o "mundo além" como ilusão. (aqui reside toda a origem dos conflitos e dos desentendimentos) Pode-se dizer que a Metafísica, a investigação da verdadeira natureza da realidade, trata principalmente de separar o real do aparente.

A distinção aparência/realidade pode aplicar-se tanto ao mundo puramente fenomenal quanto aos domínios espiritual e filosófico. Os marxistas, por exemplo, afirmam que as aparências superficiais das interações sociais (por exemplo, um mercado de trabalho livre) não raro ocultam a realidade subjacente das estruturas societárias (o poderio econômico coercitivo que os patrões exercem no Capitalismo).

Passarinhos

Assim eram os passarinhos que me visitaram aqui em casa.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Visita inesperada

Hoje pela manhã, dois passarinhos entraram aqui em casa, pela janela da área. Eram aqueles pequeninhos, com o peito amarelo, parecidos com o bem-te-vi, só que menores. Fiquei surpresa com os vôos e cantos, que na verdade eram piadas um pouco assustadas. Abri todas as janelas para que eles pudessem sair, mas eles demoraram a tomar essa decisão. Até que voltaram pra rua, pro ar, pro céu. No mínimo inusitado. Não sei se estavam procurando um lugar pra fazer ninho, ou se sentiram o cheiro de alguma fruta na cozinha. Gostei da visita, mas estou certa de que o melhor para eles é poder continuar contando com a liberdade de fora da casa, as revoadas e os pousos em diferentes árvores e telhados.

domingo, 3 de outubro de 2010

Rafael

Meu sobrinho Rafael, filho mais velho do Jorge. Tem 19 anos e está cursando Letras na UFRGS.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Rubem Fonseca

Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Caio Fernando Abreu

Gosto de pessoas doces, gosto de situações claras - e, por tudo isso, ando cada vez mais só.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Alexander Lowen

Gargalhar é assumir o risco de parecer tolo
Chorar é assumir o risco de parecer sentimental
Tentar alcançar alguém (ir em busca/ ir em direção) é assumir o risco de se envolver
Expor sentimentos é assumir o risco de rejeição
Expor os seus sonhos diante da multidão é assumir o risco de parecer ridículo
Amar é assumir o risco de não ser correspondido no seu amor
Seguir em frente diante de probabilidades irresistíveis é assumir o risco do fracasso
Somente uma pessoa que assume riscos é livre!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sobre mudanças

Existe um ponto!

Será como o ponto de mutação? O ponto do qual Capra falou.

Existe um ponto que se você chega até ele você chegou ao seu limite. Mas é um limite momentâneo. É o limite daquele momento. É o limite do que você é capaz de aguentar naquele momento. Se você conseguir chegar até esse ponto, se você conseguir suportar chegar até esse ponto, e mais, se você prosseguir, se você ultrapassar esse ponto, depois só vai. Você se solta. Você se liberta. Isso faz você descobrir outras dimensões. Dentro e fora de você.

Isso vale para todo tipo de restrição. Isso funciona assim com todo o tipo de limitação. É assim para vencer e superar traumas, preconceitos, dores, medos, o medo do desconhecido, o estranhamento, as dificuldades. É assim para vencer resistências e para ampliar capacidades. Isso é que significa crescer e se desenvolver de verdade.

Mas há que ter cuidado. Muitos morrem quando estão quase chegando ao ponto. Outros tantos morrem logo que alcançam ele. E ainda há os que morrem sem sequer desconfiar que esse ponto existe.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Para quê existem os grandes amores?

Para animar a pomba que voa
Para namorar bem numa boa
Para a namorada virar a patroa
Para se constituir a família
Para nascerem os bebês e se seguir a trilha
Para passar noções de mãe para filha
Para ficar velhinha e ser avó
Para amar todos de uma vez só
Para um dia morrer e virar pó
Para deixar uma saudade de dar dó

Para viver paixões fascinantes
Para conhecer o amor dos amantes
Para ter idéias brilhantes
Para fazer coisas alucinantes
Para se soltar no mundo feito viajantes
Para explorar juntos campos verdejantes
Para cavalgar em ritmos galopantes
Para o suor dos corpos ofegantes
Para se perder de tudo em dores lancinantes
Para ter certeza que nunca mais será como antes

Para inspirar os compositores
Para ouvir o rufar dos tambores
Para nas canções despertar rumores
Para nutrir novos amores
Para avivar todas as cores
Para alimentar outros sabores
Para acalmar as dores
Para ajudar a suportar difíceis labores
Para estimular louvores
Para simplesmente regar as flores

Para nascer e crescer
Para brincar e se envolver
Para estudar e aprender
Para se divertir pra valer
Para trabalhar e enriquecer
Para compartilhar com outro ser
Para viajar e muito mais conhecer
Para voltar, contar e saber
Para continuar a viver
Para ter o desejo e ser

Para nascer, viver e crescer
Para saber que tudo pode acontecer
Para ouvir o rádio como louca e não enlouquecer
Para segurar a peteca e não esmorecer
Para lembrar que o amor tem que ser grande e a fuder
Para aproveitar o tempo pra ler
Para contar as histórias quando escrever
Para dizer que não é bom servir, é melhor vir a ser
Para ainda amar muito apesar de não ver
Para, conhecendo a dor e a morte de perto, não esquecer de viver

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O filme

O filme enfoca as relações humanas, a solidão de cada um, a carência afetiva e o modo como cada qual busca suprir essa carência, a dificuldade para se comunicar apesar dos avanços nos meios de comunicação, a importância da sensibilidade, da amizade, da solidariedade, do humano nos humanos.

Mostra diferentes mundos convivendo e a forma como cada um é capaz de ler o mundo, a vida, o outro com o qual se depara.

A diferença no que atiça, chama e move cada pessoa para esta ou aquela direção.

Mostra as fatalidades do destino e a imprevisibilidade dos acontecimentos.

Nos leva a questionar até que ponto somos responsáveis pelo desencadeamento de situações em nossas vidas ou se apenas sofremos as consequências do sistema, seja o grande sistema que rege o mundo com suas regras e leis, valores e padrões, seja o pequeno sistema familiar que, de modo mais intenso e determinante, nos fez ser o que somos e nos comportarmos dessa ou daquela maneira diante da vida, nosso posicionamento no mundo, nosso lugar.

Nos aponta diferentes modelos de personalidades e os contrastes entre a passividade e a atividade, a inércia e o movimento, a resignação ou a postura de desafiar e enfrentar, a fantasia, o sonho, o desejo de ideal e as limitações que o real impõe.

Também as diferentes representações a respeito do amor e de como ele se manifesta de muitos modos em diferentes condições, de admiração e veneração, de dependência e necessidade de zelo, de disponibilidades e escolhas.

Se vê o modo como um mesmo acontecimento pode ser percebido e repercutido de tantas maneiras distintas, indo desde o banal e raso, quando aparecem personagens de menor complexidade transformando em fofoca ou interesse pessoal de oportunidade para aparecer na mídia, situações de tamanha profundidade envolvendo por completo o destino e a vida das pessoas em questão.

Coloca a noção de identidade sexual e de afinidades nas relações entre seres do mesmo sexo ou de sexos distintos, muito mais adiante do que a simples noção limitada e preconceituosa que costuma vigorar, que em tudo resume as relações apenas ao sexo em si, ao ato sexual e à opção sexual de cada um.

Demonstra a quantidade de enganos e interpretações equivocadas consequentes ao desconhecimento e à falta de dados e informações suficientes para entender uma situação.

Por fim, nos alerta para a brevidade da vida e para a certeza da morte, nos permitindo refletir sobre o quanto não deveríamos deixar pra depois, indefinidamente, as resoluções sobre questões tão importantes como nossa relação com aqueles que amamos.

Depois pode ser que nunca chegue. Depois pode ser que seja tarde demais.

Por outro lado, o filme conclui apresentando a continuidade da vida e a possibilidade de novas relações e de outras situações se criarem sempre.

Simples

"Simples"

 Nei Lisboa

Vai alvorada
Meu amor
Já és uma mulher
E é o mundo que te quer
Desce ao rés do chão
Vai que viver é só e tão simples
Sobe a escada e vem me ver
Já és uma canção
E um sonho que eu te fiz
Descansa o mundo em mim
Vem que o amor é não ou sim
Please

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Paul Valéry

O problema do nosso tempo é que o futuro não é aquilo que costumava ser.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Rio Grande do Sul

Rio Grande do Sul
Do Brasil
Do Mundo
Vamos com Tarso
Governador

Frank Jorge

20 de setembro. Data Farroupilha, importante para os gaúchos, e aniversário do meu querido irmão caçula, Jorge Otávio, o Frank Jorge, músico e compositor de mão cheia. Que Deus o abençoe e que ele tenha muitas felicidades e muitos anos de vida.

domingo, 19 de setembro de 2010

Paul Valéry

A fraqueza da força é crer apenas na força.

Cervantes

O tempo amadurece todas as coisas. Nenhum homem nasce sábio.

Livros

Tenho pelos livros um carinho todo especial. Amo os livros! Claro que me refiro àqueles livros que escolho e que leio e que, então, passo a conviver com eles durante o tempo em que os estou lendo, e é essa convivência durante o período da leitura, somada à paixão que a leitura vai proporcionando, que resultam no amor.

Alguns livros se tornam tão importantes que continuam me acompanhando mesmo após a conclusão da leitura. Alguns, releio de tempos em tempos.

E é assim que os livros se tornam parte da gente, porque absorvemos o que lemos, refletimos a respeito, nos modificamos, amadurecemos, conversamos sobre e, até, escrevemos após uma leitura saborosa e nutritiva. Escrevemos escrevendo, escrevemos pensando, sentindo, falando, agindo...

Também tenho livros que me foram presenteados, livros que ganhei de pessoas amigas, pessoas queridas, pessoas que me conhecem, que sabem como eu gosto de ler e também sabem o tipo de leitura que mais gosto. Estes, com dedicatórias e carregados do carinho e da atenção da pessoa que me deu o livro, merecem um lugar especial, na estante e no coração.

E, por amar os livros, já aconteceu, muitas vezes, de eu escolher, também, livros para presentear. Nestes casos, procuro livros que possam transmitir alguma mensagem significativa. Acho que um livro, assim como uma carta ou um e-mail, já é, por si só, uma conversa.

Tenho alguns livros autografados. Livros de autores que admiro muito. Verdadeiras preciosidades para mim. Livros que amo e que trazem algumas palavras, escritas pelo autor, especialmente para mim.

Livros são um barato! São amigos silenciosos. São companheiros. Pedem licença para entrar em nossa vida. Convidam para a leitura. Respeitam o sono, quando a gente decide parar de ler. E os livros nos trazem uma infinidade de assuntos, reais, imaginários, poéticos, informativos. Livros são tudo de bom, quando são bons.

Amo os livros!

sábado, 18 de setembro de 2010

Liev Tolstói

"A razão não me ensinou nada. Tudo o que eu sei foi-me dado pelo coração".

Compay Segundo

"Las flores de la vida le llegan a todo el mundo, hay que estar atentos para no perdelas. Las mías me llegaron pasados los 90 años".

En alusión al ostracismo en que vivió sumido durante décadas en aquella isla caribeña.

Pablo Picasso

"A primeira metade da vida é aprender a ser um adulto - a segunda metade é aprender a ser uma criança".

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Pontuação

Eliminar a pontuação
Confunde a razão
Amplia a interpretação
Deixa livre a associação

Navegar é preciso. Viver não é preciso.

"Navegar é preciso. Viver não é preciso."

Fernando Pessoa



Neste nosso mundo louco, de valores invertidos, onde prevalece a indiferença com a injusta desigualdade, onde a superficialidade é estimulada, "nesta terra de gigantes, em que trocam vidas por diamantes", a vida, o bem maior, não tem seu valor reconhecido diante do "capitalismo selvagem". Nestes dias em que o ar está pesado e a consciência desta estupidez toda nos deixa abalados, fica claro que não se pode entregar os pontos. A maneira possível de prosseguir na luta é encontrando inspiração no que é belo, no que é puro, no que é vivo de verdade. Ainda que às vezes etéreo. Ainda que por vezes não vivido. Mas não podemos perder de vista os valores essenciais que representam o que é natural, humano, inocente.

"Navegar é preciso. Viver não é preciso."

Fontes de inspiração são espontâneas formas de existência. Pessoas, formas de ser, lugares, situações, bichinhos, plantas, etc. Fontes de inspiração podem despertar nos seres humanos seus sentimentos mais sublimes. Estimulam a imaginação, geram momentos de criação, momentos em que homens aproximam-se do que é sagrado. Vivendo a vida vivida, cada qual cumprindo seus papéis, nos deparamos com todo tipo de limite que a realidade impõe, mas quando somos apanhados por um momento de inspiração o divino se revela e transcendemos estes limites. Nos lançamos num universo infinitamente mais rico e complexo. O sonho, a imaginação, a leveza de que se constituem o pensamento e o sentimento inspirados, tudo isto é sagrado, e só é possível graças à existência de fontes de inspiração e, simultaneamente, de criaturas sensíveis para percebê-las, vivenciá-las na escuta, na observação silenciosa, saboreando possibilidades. Assim surgem músicas, letras, poemas e muitas maneiras de expressão de amor, de pureza, de fantasias as mais diversas. Em algumas ocasiões somos a fonte de inspiração, em outras somos o alvo e nos vemos sensibilizados, viajando por paisagens raras, despertos para instâncias especiais.

"Navegar é preciso. Viver não é preciso."

Eu amo navegar e amo viver. Navegar e viver para mim andam juntos, quando escuto, quando vejo, quando sinto, quando penso, quando me relaciono, quando converso, quando leio, quando escrevo, quando ouço música, quando danço, quando brinco, quando viajo, quando faço, tudo que faz parte da vida, com amor.

Obs.: Fernando Pessoa, quando usou a palavra "preciso" neste poema, não estava se referindo a preciso de necessário, e sim a preciso de precisão. Navegar é preciso. Viver não é preciso.

Tempo

Lidamos com o tempo o tempo todo. Atrasos, retardos, precocidades, velocidades variadas. Ritmos lentos demais, rápidos demais. Pressa, calma. Passado, presente e futuro. Ontem, hoje e amanhã. Antes, agora e depois. E nós precisamos lidar com o tempo o tempo todo. Fazendo tentativas de adaptações, de adequações necessárias para integrar, para atender às necessidades, para tornar possível viver. Lidamos com o tempo o tempo todo e hoje eu estou feliz porque vou te ver! Quando estou contigo é como se o tempo parasse. Não sinto o tempo passar. O tempo se enche de vida e eu esqueço todas estas questões sobre o tempo. Quando estou contigo aproveito bem o tempo. É que te amo e o amor coloca significado nos momentos. Bons tempos...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Lya Luft

"Se eu contar isso todo mundo vai rir. Mas vejo o que eles não conseguem ver, portanto na verdade eu é que posso dar risada".

Uma frase do menino anão e sem nome, o narrador de "O Ponto Cego", de Lya Luft.

"Se eu descubro o lance perverso da jogada, quem sabe eu consigo sobreviver".

"As Parceiras", também de Lya Luft.



Admiro os romancistas bons. É muito difícil escrever um romance. É muito mais fácil escrever crônicas. Mas eu já li muitos romances e já li muitas crônicas e já li também muitos contos e biografias, e já aprendi, lendo bons escritores, que um romance é como um conto gigante. Ou o conto é um romance pequeninho. Mas é diferente o ritmo, a intensidade. O conto é conciso. O romance é mais extenso. Talvez dentro de um conto conciso exista a possibilidade de se desenvolver um romance. Mas não é só por uma questão do tamanho da história contada, é por causa do enredo todo. O tempo que passa, os personagens, as relações, tudo o que acontece, como as pessoas se transformam ao longo da história. É algo que pode ser maravilhoso, mas é difícil. Porque não adianta nada escrever uma história longa se ela for chata. Se a história for chata quem é que vai querer ler? E é por isso que é muito difícil. É difícil sustentar um enredo interessante, profundo, que prenda o leitor, se a história não for muito bem contada. A história tem que ser muito bem escrita pra que o leitor goste de ler e não pare pelo meio do caminho, como acontece com muitos romances chatos.

Os romances da Lya Luft, por exemplo, são histórias que depois que a gente começa a ler não consegue mais parar, porque a gente fica tão envolvida com a história que se torna impossível não querer saber o que vai acontecer. Ela consegue tornar os personagens tão vivos que eles passam a ser parte do que se está vivendo enquanto se está lendo. E também porque nas falas e nas reflexões dos personagens sempre existe muita coisa pra se aprender.

É esse tipo de romance que eu acho que é romance de verdade. Romances que trabalham a condição do ser humano no mundo, romances que falam sobre a alma humana e por isso tocam muito fundo a gente quando a gente os está lendo.

Pode ver que hoje em dia é enorme o número de pessoas que escreve e publica, é enorme também a variedade de recursos utilizados. Linguagens diferentes. E tem muita coisa boa, mas também tem muita coisa ruim. Não sei se é o caso de que tenha mesmo muita coisa ruim ou se sou eu que não gosto de qualquer coisa. Só sei que eu identifico muito bem o que é que eu gosto, o que é que eu acho que vale ser lido. Por outro lado, todo mundo é livre pra escrever o que quiser, o que puder, e os leitores também são livres para escolher o que ler.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Amélie Poulain

Personagem adorável do filme sensacional: "O fabuloso destino de Amélie Poulain". Excelente trilha sonora de Yann Tiersen. Muitas vezes, tomo banho escutando esta trilha.

Frank Jorge

Na maior parte das vezes
Queremos muito mais
E assim nós prometemos
Que vamos melhorar
No ano que vem
No ano que vem

Difícil

Difícil é disfarçar que eu não percebo quando estão disfarçando.

conconcon

Em meio àquela bagunça, aquela função turística, ficava o contraste entre a proposta zen e a multidão de visitantes afoitos por ver e reter as imagens do lugar, afoitos por fotografar.

Eu já estava fotografando há muito tempo, fotografando com o meu pensamento.

Estava observando a imensidão, estava procurando não deixar de perceber as peculiaridades espalhadas pela imensidão, para fora e para dentro.

E conseguia escutar o ruído das muitas mentes ofuscadas, atordoadas, e nem por isso deixava de conservar muitos pensamentos calmos.

E me veio um som quase como um mantra que repetia conconcon...

Eram pensamentos que iam congregando conclusões consistentes.

Eram pensamentos que representavam lembranças, boas lembranças...

Lembranças que se impunham pela força das impressões deixadas, lembranças que representavam a confirmação dos afetos.

Síntese

Desculpa...
É que eu sou assim
Meio sem querer
Quando eu vejo
Me esparramo toda
Não consigo me conter
E é por isso que muito frequentemente
Eu acabo
Tendo que me recolher

Osho

A sabedoria é silenciosa. É impossível trazer a sabedoria definitiva ao mundo das palavras.

Osho



A sabedoria é silenciosa. Falamos e escrevemos para nos comunicarmos, para nos expressarmos, para aprender e ensinar, para buscar compreender, para buscar a prórpria sabedoria, mas a sabedoria é silenciosa e não cabe no mundo das palavras.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Cada um com seus problemas

"Cada um com seus problemas" é uma frase que denota indiferença, tipo: não tenho nada que ver com teus problemas. Denota egoísmo, tipo: fica na tua que eu fico na minha. Denota individualismo, tipo: cada um sabe de si ou, cada um por si e Deus por todos.

Está certo, cada um é responsável por si e pelos mais próximos de si. Não cabe a um sujeito resolver os problemas do mundo. Mas existem situações em que se não pudermos contar com a solidariedade alheia estamos fritos.

Por isso, existem pessoas que se dedicam a trabalhar com os problemas dos outros, que tentam ajudar na resolução dos problemas. Na área da saúde, na educação, no direito, na política, etc. E os artistas que oferecem trabalhos que trazem novas visões, idéias para reflexões, sugestões.

Com as doenças é a mesma coisa. Poucas são as pessoas 100% saudáveis. A maior parte das pessoas tem algum distúrbio. E isso é um problema de cada um. E doente a pessoa enfrenta dificuldades e limitações e precisa de apoio. Talvez por isso quando adoecemos ficamos tão frágeis, na mão dos outros, e quando conseguimos melhorar nos tornamos mais humanos e compreendemos melhor as doenças dos outros.

Cada um, cada um, mas os problemas de cada um também são, em parte, problemas nossos. Dá pra ver que é uma fisioterapeuta falando... Agora impossibilitada de exercer. Isso foi o mais difícil no meu adoecimento, passar da posição de cuidadora para a de ter que ser cuidada.

O mundo

"O mundo é fabuloso
O ser humano é que não é legal"

(Ed Mota)

O mundo é muito grande. As chances são diversas. Tudo pode acontecer.

Essencialmente somos todos iguais, mas justamente a riqueza está na individualidade. Diferenças individuais. Cada um é único.

Circuito dinâmico: recebemos muitos estímulos, informações. Processamos de acordo com nossas percepções, impressões, sensações, emoções, sentimentos e pensamentos, que nos levam a conclusões e comportamentos e definem nossas opções, ações e relações. Associações.

Nosso instrumento básico é o nosso corpo, através do qual se manifesta a vida em nós, e por intermédio do qual podemos desenvolver nosso potencial nos expressando de diversas formas, desde a aprendizagem mais primária até a mais complexa. E assim, sempre o movimento físico da vida nos propicía a sobrevivência, as vivências e experiências.

A partir do individual nos dirigimos ao social e surge a possibilidade de intercâmbio.

Por causa das diferenças individuais uns são mais capazes e favorecidos, enquanto outros são mais limitados ou, às vezes, sofrem prejuízos danificadores.

É necessário perceber as diferentes condições para que se possa compreender as diferentes capacidades de assumir as mais diversas funções. E espera-se que haja fraternidade, solidariedade, amor.

A direção é o norte. Para frente, para cima. As palavras-chave são: crescimento, desenvolvimento, consciência, luz... Tudo é passível de compreensão. Tudo é possível ser transformado, mesmo que às vezes demore, mesmo que seja difícil.

A graça da vida está em viver admitindo a diversidade de formas de vida, a graça da vida está em compreender as diferenças, assim a gente consegue aceitar melhor a si próprio e aos outros.

O mundo é muito grande. As chances são diversas. Tudo pode acontecer.

São muitos lugares, muitas formas de vida, muitas etnias, muitas culturas. É um vasto mundo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Colo

"me leva pra casa
me pega no colo
me conta uma história
me fala de amor"

Eu estava andando, indo de um lugar a outro, e me dei conta de que essas idas de um lugar a outro, essa busca de chegar a um lugar e lá poder ficar, e esperar poder ficar bem, tem a ver com o colo... O colo. Os colos. O primeiro colo. Os primeiros colos. Todos os colos bons. A sensação que se trás, no corpo e na alma, e que se leva junto com a gente para cada lugar aonde se vai. A busca de encontrar o lugar que seja seguro e confortável como pode ter sido o primeiro colo, os primeiros colos, todos os colos bons. Mais que seguro e confortável, seguro e confiável. A ponto de nutrir satisfatoriamente e permitir que se consiga descer do colo e começar a se deslocar por conta própria para explorar o entorno. Rastejar, engatinhar, até dar o primeiro passo e muitos outros depois. E caminhar. Caminhar, caminhar, caminhar. Ser caminhante na vida. E poder contar de novo com o colo bom quando precisar.

Johnny Depp

Meu ator predileto. Interpretou Edward Mãos de Tesoura e muitos outros personagens incríveis.

Edward Mãos de Tesoura

Personagem ultra humano do filme de Tim Burton

Deus

Deus, aqui na Terra muita gente acredita em você. São muitas e muitas pessoas acreditando em você. Pessoas de diferentes etnias, pessoas de diferentes lugares, pessoas de diferentes religiões. São pessoas cheias de fé.

E eu, é claro, admiro uma pessoa que tenha fé, independentemente da religião que ela siga, independentemente mesmo dela ter ou não ter uma religião, desde que tenha boa fé.

Mas uma coisa é certa, é muito mais admirável e confiável um sujeito ateu e honesto, do que um que se diga religioso e proceda de má fé.

Por isso, Deus, abra o olho com os seus fiéis.

Humanos

E eu me vi pensando e relembrando as muitas pessoas que compõem a humanidade. Especialmente aquelas pessoas que parecem ser os mais humanos dos seres humanos, aquelas pessoas que trabalham duro a vida inteira, aquelas pessoas que trabalham por devoção e por amor, aquelas pessoas que costumam dar a própria vida aos outros. Essas pessoas que colocam o sentido de suas vidas em dedicar suas vidas aos outros, a cuidar dos outros, a promover a possibilidade de vida a outros, a ajudar os outros a atingirem seus objetivos. Essas pessoas que vivem dando condições para que os outros possam viver, acontecer, existir, ser. Essas pessoas, muitas vezes anônimas, que permitem que outros saiam do anonimato para ganhar um lugar de destaque no mundo. Pessoas que atuam na base, nos bastidores. Essas pessoas que chegam ao final da vida e nem sempre recebem o carinho e o reconhecimento que merecem. Essas pessoas que parecem ser os mais humanos dos seres humanos. Geralmente mulheres... Tias, avós, mães, filhas, irmãs, amigas, trabalhadoras, etc. Mas também alguns pais, filhos, tios, avôs, irmãos, amigos, trabalhadores, etc. Essas pessoas são valiosas.

domingo, 12 de setembro de 2010

Frank Jorge

Sim
Você esperava muito, muito, muito, muito mais de mim
O que eu posso lhe dizer?
Eu sou assim
Não tenho culpa

Postagem número cem

Num dia chuvoso, domingo, mas bem legal. Já fiz contato com o Fi, almocei com a mãe, a Marta e o Duda, fui ao super e agora estou em casa ouvindo música e curtindo no computador. Fiz vários e breves posts no blog, hoje. Uma foto, uma frase de um amigo do orkut, e trechos de letras de músicas. Estou bem. Bem na boa. Bem feliz. Quando estou me sentindo assim quase não escrevo. Estou longe de ser uma escritora profissional, sou uma escritora compulsiva, escrevo por compulsão. E quando a compulsão diminui também diminui a necessidade de escrever. Isso mudou um pouco quando fiz a oficina literária e aprendi a domar minha escrita. Agora ainda não sei como vai ficar, só sei que meu amor por escrever voltou, mas a compulsão diminuiu. Tem que ver que tem o efeito dos remédios. Será que vou seguir escrevendo? Será que vou escrever melhor? Não sei. O tempo vai dizer. Será que eu devia voltar para a oficina?

Chico Buarque

Ai que vida boa, olerê
Ai que vida boa, olará
No estandarte do sanatório geral

Nei Lisboa

Ei, ei, ei
Alma doidivana
Doce devaneio
Velho desatino

Skank

Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação

Fernando Muniz Barrett

"O tempo é mercúrio cromo, o tempo é tudo que somos".

Flores


Hoje é domingo e o dia está nublado, mas mesmo assim pode ser um bom dia. Estou ligada nas belezas e riquezas da natureza.

sábado, 11 de setembro de 2010

A chuva

Num dia como hoje, por exemplo, a chuva cai, diz coisas sonolentas, coisas tristes, num ar vagamente sonâmbulo de quem já não sofre, num ar morno de suprema lassidão, de suprema renúncia, como quem se resigna a todas as misérias, como quem se resigna a todas as covardias.

Parece que a chuva diz rezas, rezas frias, murmuradas por lábios frios num frio claustro de convento.

Parece que a chuva fria fala num delírio incessante, febrilmente vago, num salmear inconsciente, como quem vai morrer. Eu não sei se você tem sentido a nostalgia destes dias assim, mas eles evocam em mim a tragédia das almas que se calam, das que já não se queixam, das almas galvanizadas na angustiosa tormenta de impossíveis sonhados um dia e nunca realizados.

Quando nesses dias eu olho as planícies vastas, tenho medo de ver, insensivelmente, o meu olhar transformar-se no olhar espectralmente parado das estátuas. Então agito-me, sacudo-me, falo alto, canto como as crianças que têm medo das sombras imóveis das árvores numa estrada deserta. Tudo é grande, tudo parece fugir, fugir sempre ao longe, como aqueles fantásticos castelos de brumas, onde ninguém chegava nunca - a chuva continua a dizer sempre a mesma coisa, a embalar o tempo que adormeceu agora...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Depoimento

Se tivesse que me definir, sinteticamente, diría: Sou a Têri, mãe do Filipe. Não tenho dúvida de que a maternidade é o que há de mais importante na minha vida. Sempre vivi intensamente meu papel de mãe. E mesmo nos piores períodos do meu adoecimento, nunca deixei de ser mãe. Mas também sou filha, irmã, tia, madrinha, amiga, algumas vezes fui namorada, uma vez fui casada, enfim.

Sempre fui um pouco maluquinha. Na juventude, meus amigos diziam que eu era "desligada". Era um termo que se usava, na época, para designar alguém que "levava uma vida sossegada, gostava de sombra e água fresca". Mas, mesmo sendo assim, paralelamente era compenetrada e consegui construir uma vida, amando, me relacionando, estudando, trabalhando, viajando e aproveitando a vida atraída pela natureza, pelas artes, pelas pessoas. Movida por ideais humanitários, escolhi trabalhar com saúde e educação.

As coisas começaram a se complicar mais, em 2001. Em setembro, fui doar sangue para a Vera Karam, que estava hospitalizada, com cancer, na Santa Casa. Sempre admirei a Vera Karam, tenho tudo que ela escreveu e publicou. Resulta que, meses depois, a Vera veio a falecer, e minha doação só serviu para eu descobrir que tinha hepatite C. A partir daí procurei um gastro: Guilherme Becker Sander (estou com ele até hoje), parei de beber bebida alcoólica e fiquei "controlando" minha hepatite através de exames periódicos, com acompanhamento médico. Esse diagnóstico mudou minha vida.

Em outubro de 2004, iniciei, por indicação do gastro, o tratamento que a Secretaria da Saúde oferece, com doses diárias de Ribavirina e, semanais, de Interferon, na tentativa de negativar o vírus. O tratamento durou 1 ano e eu fiz completo. Porém, em março de 2005, como efeito colateral do Interferon, tive um surto psicótico. Fiquei apavorada, assustada, com manias de perseguição, achando que tudo e todos queriam a minha morte. Saí de casa e fui para casa da minha mãe. Precisava ser cuidada. Precisava ficar perto das pessoas mais confiáveis e que mais tinham condições de me cuidar. O pior foi a separação brusca do meu filho, que ficou em casa sozinho, se virando. Felizmente já era adulto, tinha 21 anos.

Busquei tratamento psiquiátrico, mas nesse momento e até meados de 2006 o tratamento foi inútil. Tomava Aldol para controlar a psicose e Pamelor como anti-depressivo. Esses remédios não me faziam bem. Eu ficava abobada, inerte, não fazia nada. Passava a maior parte do tempo deitada.

Em maio de 2006, mudei de psiquiatra. Fui para a Fundação Universitária Mário Martins, com o dr. Mateus Frizzo Messinger, que mudou a medicação e oferecia uma psicoterapia mais eficaz. Estou com ele até hoje. Tomo Carbolitium para moderar o humor e Risperidona para controlar a psicose. Me dou bem com esses remédios. Melhorei, mas foi aos poucos, demorou. Voltei a escrever trechos breves e passei a usar a internet para troca de alguns e-mails. Mas me sentia desestruturada, saía muito pouco e sempre acompanhada da mãe, de algum irmão ou do meu filho. Segui na casa da mãe 2006, 2007 e 2008. Nesse ritmo lento, nessa rotina pequena, alternando momentos melhores com longos períodos de depressão e uns surtos de vez em quando. Só digo uma coisa: ninguém passa anos em brancas nuvens por querer.

Em agosto de 2008, surtei brabo. Meu psiquiatra me encaminhou para internação na Clínica São José. Me apavorei, nunca tinha sido internada antes. Fiquei 2 meses lá e, no fim das contas, foi muito bom. Me fez muito bem. Era bem tratada, cuidada, e o convívio com muitas pessoas legais, internadas, cada uma por uma razão diferente, me fez ampliar e clarear minha noção sobre distúrbio psíquico. Melhorei e quando saí da clínica voltei pra minha casa. Estou aqui desde então. Sozinha, porque nesse meio tempo o Filipe casou. Mas fazemos contato diariamente e nos vemos com regularidade.

Em 2009, iniciei o Acompanhamento Terapêutico, com o psicólogo Marcelo Lubisco Leães, por indicação do psiquiatra. Altos progressos. A companhia, as conversas, as visitas e arrumações em casa, os passeios pela cidade, tudo isso me trouxe de volta um ritmo de vida e uma identidade que havia sido perdida. Não digo perdida, mas estava muito embaçada.

Com todos estes recursos: apoio da família, terapeutas, medicação, uma internação, uso da internet (além dos e-mails, quando saí da clínica entrei pro orkut por causa de um colega de clínica, mais adiante, por convite de amigos, entrei pro facebook, e mais recentemente, por indicação do psicólogo, criei este blog), tenho melhorado, mas não sou mais a mesma, não tenho mais o vigor de outrora, e minha mente precisa de todo esse aparato para que eu me sinta segura e me atreva a viver socialmente.

Quando terminei o tratamento com interferon o vírus da hepatite C negativou, mas seis meses depois, quando repetimos o exame, ele tinha voltado. Assim que, sigo sendo portadora de hepatite C e o tratamento desencadeou em mim Transtorno Esquizoafetivo e hipotireoidismo, que trato com Puran T4. São as minhas doenças e tê-las faz muita diferença.

Escrever

Amo escrever! Agradeço por ter sido alfabetizada e poder ler e escrever. Sempre escrevi muito. Estudando, trabalhando, desabafando, organizando o pensamento, criando histórias, redigindo bilhetes e cartas.

Quando meu pai morreu, em 68, comecei a escrever, às vezes, para tentar me comunicar com ele. Fantasias de criança.

Na adolescência, meu irmão e amigo, Mário, passou 1 ano nos Estados Unidos, num intercâmbio cultural chamado AFS. Trocamos muitas cartas. Foi a forma que encontramos de amenizar a distância e matar a saudade.

Muito mais adiante, já adulta, apaixonada platonicamente pelo Mauro Borba, da Pop Rock, mandei muitas coisas pra ele, às vezes com pseudônimo. Era forte. Uma viagem que eu fazia através da companhia dele pelas ondas do rádio. Também escrevia para o Arthur de Faria, que me respondia. Era diferente, sempre adorei o Arthur, mas sempre senti o Arthur como um amigo real.

Em 2004, fiz uma oficina literária, com Charles Kiefer, e publiquei o conto "Dos pés à cabeça", na coletânea 101 que contam. Depois, na 103 que contam, publiquei o conto "Os ratos". Também tenho dois contos na Vitrine do site da oficina do Charles. São eles: "Norma" e "O legado de Jack".

Tenho cadernos e folhas de ofício com escritos de diferentes épocas. Guardados.

Agora, desde fevereiro deste ano, estou com o blog. E estou gostando. É livre, é solto, é aberto pra quem quiser ver, é sem nenhuma pretensão. Como já falei, em outra ocasião, é terapêutico.
Amo escrever e adoro meu blog terapêutico!

Olhar e confiança

Envolve apego e desapego. Envolve segurança e insegurança. Envolve certezas e dúvidas. Envolve confiança e desconfiança. Então... Me parece que o melhor de tudo, quando se olha daqui onde estou, é poder trabalhar profundamente essa questão da confiança. A confiança básica que vai pela vida afora norteando tudo. Ou não. A confiança que é básica. A confiança que é a base de tudo. A confiança que faz com que se possa sentir seguro. A confiança que nos faz perder o medo. Até mesmo no escuro. A confiança que tem sua origem na relação do bebê com sua mãe ou quem quer que seja que faça a função materna.

Você está vendo? Você está conseguindo ver? Você está sentindo o que eu estou sentindo olhando daqui onde estou? Será que conseguiremos enxergar a segurança, algumas certezas que nos dêem confiança? Acho que sim. Mesmo que isso às vezes demore um pouco, eu sei que isso não acontece assim só para mim. E depois, quando fica difícil de enxergar, pode-se mudar a posição do olhar. Pode ser que também seja necessário algum acessório para olhar. Eu sei. Já falei de óculos... Mas agora é diferente, agora é uma situação para binóculos. E depois, mais adiante, todos os aparatos de olhar o céu. Olhar o céu é o que pode haver de mais infinito de visão. E eu garanto que prefiro olhar o céu do que olhar o seu... O Seu deve saber do que é seu. Eu só sei de mim e um pouco do céu.

Viu? Olha de novo. Olha bem aqui onde eu estou olhando. Se você quiser, com toda sua vontade, você vai conseguir ver. Se você quiser você pode conseguir ver o que eu estou vendo. Se não conseguir, conforme-se. Olhar é algo muito pessoal. De qualquer forma, a mim você pode ver. Não pode? Você não confia em mim?

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Olhar

Olhando daqui dá pra ver muito bem. Daqui é possível olhar perto e também é possível olhar longe. Se bem que o que está mais longe é mais difícil de ver. Não é que não dê pra ver, mas a visão fica um pouco turva. Só dá pra ter certeza do que se está vendo lá longe quando já se viu o que está lá longe de perto. Quando já se conhece, decerto... E ainda tem a vantagem de que se pode mudar de posição para ampliar a visão. Conforme o local onde a gente se posiciona para ver, é diferente a visão que se tem. Em algumas ocasiões se pode definir muito bem o que se está vendo, em outras isso não é possível porque a visão que se tem é a do infinito. O infinito é assim, se a gente vai andando na direção dele pode-se até ter a ilusão de que se vai chegar, mas conforme se anda ele também anda. O infinito é assim, nunca termina. Nunca se chega lá. Então, se a questão é querer chegar em algum lugar, o melhor é procurar sair na direção do que está mais perto, aquilo que a gente consegue enxergar e que nos permite delimitar onde começa, por onde continua e onde termina. Assim são os caminhos mais conhecidos. Mais seguros. Assim são os pontos de partida e chegada, que podem inclusive ter duas vias. Mas existe algo que algumas vezes nos provoca, algo que não nos deixa esquecer a visão do infinito. Talvez seja um desejo de buscar e de encontrar o mais bonito. Talvez seja apenas uma noção do quanto se é pequeninho. A verdade é que impressiona muito esse mundo infinito. Lá fora, quando se olha ao longe e não termina mais, e dentro de nós, quando nos acomete essa capacidade de perceber o infinito mesmo se sendo tão finito. Pode causar uma angústia. Mas também pode nos proporcionar alívio. Depende só de nós. Depende do que se vê e do que se quer. Depende daquilo que mais se gosta, do que se prefere. Envolve apego e desapego. Envolve segurança e insegurança. Envolve certezas e dúvidas. Envolve confiança e desconfiança. Então... Me parece que o melhor de tudo, quando se olha daqui, é poder trabalhar profundamente essa questão da confiança. A confiança básica que vai pela vida afora norteando tudo. Ou não.