quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Olhar

Olhando daqui dá pra ver muito bem. Daqui é possível olhar perto e também é possível olhar longe. Se bem que o que está mais longe é mais difícil de ver. Não é que não dê pra ver, mas a visão fica um pouco turva. Só dá pra ter certeza do que se está vendo lá longe quando já se viu o que está lá longe de perto. Quando já se conhece, decerto... E ainda tem a vantagem de que se pode mudar de posição para ampliar a visão. Conforme o local onde a gente se posiciona para ver, é diferente a visão que se tem. Em algumas ocasiões se pode definir muito bem o que se está vendo, em outras isso não é possível porque a visão que se tem é a do infinito. O infinito é assim, se a gente vai andando na direção dele pode-se até ter a ilusão de que se vai chegar, mas conforme se anda ele também anda. O infinito é assim, nunca termina. Nunca se chega lá. Então, se a questão é querer chegar em algum lugar, o melhor é procurar sair na direção do que está mais perto, aquilo que a gente consegue enxergar e que nos permite delimitar onde começa, por onde continua e onde termina. Assim são os caminhos mais conhecidos. Mais seguros. Assim são os pontos de partida e chegada, que podem inclusive ter duas vias. Mas existe algo que algumas vezes nos provoca, algo que não nos deixa esquecer a visão do infinito. Talvez seja um desejo de buscar e de encontrar o mais bonito. Talvez seja apenas uma noção do quanto se é pequeninho. A verdade é que impressiona muito esse mundo infinito. Lá fora, quando se olha ao longe e não termina mais, e dentro de nós, quando nos acomete essa capacidade de perceber o infinito mesmo se sendo tão finito. Pode causar uma angústia. Mas também pode nos proporcionar alívio. Depende só de nós. Depende do que se vê e do que se quer. Depende daquilo que mais se gosta, do que se prefere. Envolve apego e desapego. Envolve segurança e insegurança. Envolve certezas e dúvidas. Envolve confiança e desconfiança. Então... Me parece que o melhor de tudo, quando se olha daqui, é poder trabalhar profundamente essa questão da confiança. A confiança básica que vai pela vida afora norteando tudo. Ou não.

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