terça-feira, 7 de setembro de 2010

Apenas uma história um pouco confusa

A história está em andamento. Existe um misto de desilusão e de contentamento. Como é que pode isso? Isso simplesmente acontece. Não é que possa, é que acontece assim. Acontece assim porque tudo onde estamos metidos e tudo o que nos rodeia faz que seja assim.

De desilusão eu sei bastante. De contentamento também. Agora é ficar na espreita para ver o que é que vem. Também tentar fazer acontecer o melhor.

Talvez a memória seja curta. Talvez a amnésia ataque um bando de gente. Talvez apenas queiram esquecer para não se comprometer.

E eu só pergunto para onde é que foram as noções de ideal? O que será que vão fazer agora com o que é real?

Será que não percebem mais o aspecto revolucionário da religião? Será que não serão mais fiéis ao lado religioso da revolução?

E o amor? O amor que deveria estar permeando tudo ao mesmo tempo... O amor que quase não tem mais vez nesse mundo de produtos. Produtos que são inventados para criarem necessidades e precisarem ser comprados e, assim, serem vendidos. Produtos que, uma vez vendidos, geram condições para que outros produtos sejam criados, vendidos e comprados. Tudo se vende e tudo se compra. Tudo pode ser vendido e tudo pode ser comprado. Exceto o amor. O amor que quase não tem mais vez neste mundo de compra e venda, porque o amor não é um produto.

Tudo bem. Assim funciona e não há como escapar. Mas em troca disso quantos abdicaram da possibilidade de amar?

E no fundo nem é tanto assim o que precisamos. Podemos ser simples, básicos, não consumistas.

Eu vi. Eu vi bem de perto. Eu vi várias pessoas que não tinham. Eu vi pessoas que não tinham batalharem pra ter. Eu também vi pessoas tendo muito. Vi pessoas tendo tudo que se pode sonhar em ter. E, algumas vezes, essas mesmas pessoas eram infelizes, não sabiam amar. Eu vi essas pessoas, que deveriam estar realizadas, insatisfeitas. É que se corromperam. Se venderam e desaprenderam o amor em nome desse outro tipo de valor. Não se importam com mais nada, com mais nada que seja puro. Essas pessoas estão com tudo, mas estão vazias e insatisfeitas. Estão esvaziadas da possibilidade de amar. Transformaram as relações em jogos de interesse e de conveniências. Depois, quando vão deitar, sentem um vazio que nunca se preenche. E nunca vai se preencher. Nunca mais essas pessoas serão capazes de entender, porque tudo o que fizeram, tudo o que aprenderam, tudo o que ela têm feito foi desembocar numa condição imposta de ter que sempre se vender, para sempre estarão submetidas a serem pessoas vendidas. E junto com isso vem uma coisa que vai fazendo a pessoa ficar cada vez mais bruta, cada vez mais sem sentir, cada vez mais fria, rápida, eficiente no mercado, mas fria, cada vez mais sem saber onde está o seu pedaço de verdade. Cada vez mais pessoas capazes de vender e comprar, mas impedidas de amar.

E agora? O que fazer com isto? O que isto é? Uma barbaridade? Uma afronta à verdade? Isto é uma provocação ou isto é apenas um jogo estratégico para buscar alguma solução?

Nenhum comentário:

Postar um comentário