quinta-feira, 13 de maio de 2010

Um dia importante para Lilian

Lilian não passaria mais nem um dia sem resolver definitivamente onde colocar sua mesa de trabalho. Ao menos para os próximos dias. Talvez para os próximos meses a partir desse dia.

Desceu e subiu as escadas por mais de uma vez explorando e procurando reconhecer cada ambiente da casa. Abriu todas as janelas e experimentou a luminosidade natural invadindo as diferentes peças.

Se instalou no quarto de banho e, enquanto se banhava, fez uma revista com os olhos constatando o quanto adorava aquelas folhinhas verdes da árvore do quintal, aquelas folhinhas verdes que ficavam ali espiando seu banho pela basculante.

Direto para o quarto de dormir, tratou de escolher uma roupa bem quentinha e confortável, vendo as cores e selecionando as texturas, se definindo pela lã e pelo algodão, pelo preto e pelo branco. Depois, enquanto arrumava sua cama, admitiu que não haveria mesmo chance para a mesa de trabalho no quarto de dormir, nem tanto por uma questão de chance, muito mais por uma questão de espaço.

Tomar café na cozinha era um hábito prático e antigo, um hábito que misturava leite com café e açucar, uma fatia de pão integral com mel e queijo branco, além de alguma fruta e às vezes uns goles de suco. Um hábito que geralmente começava na cozinha e podia continuar em lentas caminhadas pela casa, com uma caneca na mão, já procurando reunir o material para trabalhar no dia.

A mesa de trabalho, na sala, junto com o sofá onde Lilian estava agora terminando seu café, fazia uma espécie de solicitação, pedia um local que conjugasse as condições necessárias para favorecer o trabalho.

Lilian sabia que só dispunha daquela sala para jogar com possibilidades de colocação para a mesa.

Sua mesa de trabalho que já havia andado por um e outro canto da sala.

Aproximou-se da porta que se abria para a sacada e chegou a pensar em colocar a mesa na própria sacada, mas para isso precisaria recorrer a obras que forçosamente a levariam a fechar a sacada. Desistiu dessa idéia.

Observou que entre a porta da sacada e a parede lateral esquerda havia espaço suficiente para a mesa se fosse posta enviesada. E ainda seria possível acomodar a estante com todos os apetrechos de uso corrente no cantinho que ficaria livre, o ângulo do canto esquerdo da sala junto à parede da porta da sacada.

Foi até a cozinha deixar sua caneca e voltou para arregaçar as mangas e começar as mudanças na sala, recriando seu espaço de trabalho.

O dia estava recém começando e o sol forte e presente permitiria que ela experimentasse, durante toda a manhã e também por uma parte do turno da tarde, se aquela escolha de fato chegaria a congregar luz e sombra, espaço e clima para ela se posicionar e se movimentar como queria, como precisava.

Quando o ambiente já estava pronto, sentou-se e começou a desenhar. Desenhar e experimentar. Desenhar para experimentar o lugar, os desenhos, os experimentos de trabalho.

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